sexta-feira, 1 de abril de 2011

Palavras De Um Jovem Sentimentalista...


Olho pela janela, lá fora a chuva cai e tudo o que consigo ver é o meu reflexo abafado por minha própria respiração enquanto me perco em meus devaneios. Meus olhos permanecem sem foco, minha respiração parece pesada, e minha mente continua intacta, apenas usufruindo de cada sentimento gerado pelos devaneios. Um atrito? Talvez, mas meu corpo anseia para despejar todas essas palavras a esmo, mas não consigo, minha garganta me prende, me falta o ar, me falta sentimentos, eu estou vazio. Um buraco se abre em meu peito a cada vez mais que me aprofundo em meus devaneios, eu não consigo parar. Por quê? O que eu faço? Sigo em frente? Eu posso? Acho que é apenas um sonho, mas eu vejo claramente o que acontece. Eu me vejo encolhido, em posição de feto como se algo tivesse me atingido e arrancado um pedaço de mim, eu choro, mas não saio da minha posição, me sinto orgulhoso por tentar suportar a dor, mas ao mesmo tempo eu sinto pena de mim mesmo. O que eu devo fazer? Novamente eu lhe pergunto: Sigo em frente? Eu posso? Não, eu devo deixar pra lá, devo virar a minha face e deixar que a chuva leve embora tudo o que me resta, desta vez eu não quero ser mais aquele ser que compreende; aquele ser que demonstra o amor e pratica o amor. Não, eu quero ser uma criatura desprovida de sentimentos. Para que? Simplesmente pelo fato de te amar e não suportar a ideia de que me vejo longe de você. Apenas um sonho. Talvez, mas os meus sonhos são a minha realidade, e a minha realidade é o orgulho que me resta. Meu corpo treme e meus olhos se enchem de lagrimas ao pensar no que eu estou me tornando. Não estou arrependido, muito menos estou me redimindo comigo mesmo, eu não quero viver pelo fato de apenas viver.

Eu quero viver pelo fato de saber que meus sonhos são a realidade. Cada ínfimo de minha alma diz para ficar ao seu lado, mesmo não te tendo em minha vida. Não te tendo ao meu lado. Eu desejaria ser desobediente, uma criança malévola, mal criada que ficaria de castigo em um cantinho qualquer esquecido pelo mundo apenas amargurando das próprias lagrimas. Eu te pergunto quem sou eu? E não preciso que me responda, saber que eu sou uma incógnita já basta. Infelizmente eu não tenho a inocência de uma criança, posso estar na faze de um jovem púbere, mas meus sentimentos são de um homem formado. Um homem de quem já teve seus sonhos tornados em realidade. Um dia eu chego lá, eu tenho uma base de apoio. Pelo menos é o que eu acredito. Pode estar faltando um apoio ou outro, mas isso é fácil, eu as substituo, mas acredite, tem uma pilastra ali que me intriga. Uma desobediente que se quebrou, mas que se recusa a ser reconstruída pelo fato de não haver outra chance. Então eu lhe digo: A segunda chance existe, existiu e sempre existirá. Céus, eu ainda me pego pensando no passado, pensando em você, pensando em nós. O que eu faço? Sigo em frente? Eu posso? Não eu não posso, por mais que eu possa recusar ou tentar me esquecer, eu não consigo. Este sou eu, um ser que tenta ser desprovido dos sentimentos, mas que não consegue provar a si mesmo que a frieza e um coração neutros não existem. Nem mesmo para a pior das criaturas que existe nesse mundo a fora. A compaixão e o amor estão bem presente no coração. Droga que palavras são estas? Estou sendo negativista? Presunçoso? Esperançoso? Tudo sei que nada sei.

Meu coração parece transbordar, a chuva cai, mas não leva meus sentimentos, eu o desejei que levasse, mas nada me adianta. É uma enchente, e eu estou me afogando, ou talvez eu possa me acostumar a trocar a cidade cheia de arranha-céus e coberta por um céu azul lindo por uma cidade submergida de ponta-cabeça. Esse sou eu, não um ser desprovido de sentimentos, mas sim o ser coberto pelo fardo de ser sentimentalista. Eu busco o sucesso, eu sou ganancioso, orgulhoso, preguiçoso, criativo, e sentimentalista. Este sou eu. Não me desejo uma vida pífia, muito menos execrável. Assim eu não existo, mas eu me nego. Me nego a desistir. Isso pode soar confuso, mas este sou eu. Eu passo por aquele local iluminado, uma praça se eu não me engano, e olho aquele banco onde eu sentia o prazer de estar em seu colo, sentindo sua mão em minha face, em meu cabelo, bagunçando-o e o emaranhando e entrelaçando em seus dedos. Seu toque, sua boca, seus sentimentos, sua voz e seu cheiro ainda estão aqui guardados nas profundezas de meus devaneios. Eu te pergunto por quê? Não sei, acho que estou carimbado. Deixa pra lá, isso não vale de nada, apenas vale para deixar claro o que eu ainda sinto, e o que eu não deixei de sentir. Fazer o que? Este sou eu. Não me responda, mas o que eu devo fazer? Eu devo seguir em frente? Eu posso? Não eu não posso, pois este sou eu. Um Sentimentalista nato.